sexta-feira, 27 de julho de 2012

Entre os seus dedos


  Entre os seus dedos estava a minha mão. Na estrada estávamos nós dois. Ao fundo havia o pôr do sol e passeávamos cantando as músicas que mais gostávamos. Afinados? Não. Um mais desafinado que o outro. Ali não queríamos mostrar talento, apenas desfrutar da companhia. Junto estava o vento, que nos acompanhava como de costume, frio e cortante, os ventos de outono Rio Grandenses.
  Dentre as coisas sem explicação daquela tarde, estava o seu olhar para mim: mais amável e carinhoso do que nunca. Me amava como nunca amou ninguém em sua vida. Me amava como nunca fui amada. Nos gestos estava a inocência, uma inocência perdida a cada geração. Inocência que fazia com que tivéssemos medo até de dar as mãos. Era lindo.
 Porém, aquela estrada, que como eu gostaria que não tivesse fim, tinha que acabar. Terminava em um penhasco, que enigmaticamente se encontrava exatamente em frente ao pôr do sol que havia nos acompanhado naquela caminhada. Sentamos para contemplar, e com o medo e curiosidade de duas crianças, nos beijamos. Entretanto, como a estrada e o pôr do sol, o beijo também acabou, pois era apenas um sonho.




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