Entre os seus dedos estava a minha
mão. Na estrada estávamos nós dois. Ao fundo havia o pôr do sol e
passeávamos cantando as músicas que mais gostávamos. Afinados?
Não. Um mais desafinado que o outro. Ali não queríamos mostrar
talento, apenas desfrutar da companhia. Junto estava o vento, que nos
acompanhava como de costume, frio e cortante, os ventos de outono Rio
Grandenses.
Dentre as coisas sem explicação
daquela tarde, estava o seu olhar para mim: mais amável e carinhoso
do que nunca. Me amava como nunca amou ninguém em sua vida. Me amava
como nunca fui amada. Nos gestos estava a inocência, uma inocência
perdida a cada geração. Inocência que fazia com que tivéssemos
medo até de dar as mãos. Era lindo.
Porém, aquela estrada, que como eu
gostaria que não tivesse fim, tinha que acabar. Terminava em um
penhasco, que enigmaticamente se encontrava exatamente em frente ao
pôr do sol que havia nos acompanhado naquela caminhada. Sentamos
para contemplar, e com o medo e curiosidade de duas crianças, nos
beijamos. Entretanto, como a estrada e o pôr do sol, o beijo também
acabou, pois era apenas um sonho.
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