Todos os dias enquanto
ia para o trabalho, um menino, de aproximadamente uns doze anos de
idade, me acompanhava pelo outro lado da rua. Ia com sua mochila nas
costas, e sua guitarra antiga nas mãos. Entre intervalos de tempo,
limpava as mãos suadas na sua calça jeans surrada. Trabalhava nas
suas tentativas de solos incansavelmente, como se aquilo um dia fosse
mudar a realidade que vivia.
Intrigado com o que
via, um dia resolvi perguntar a ele o porquê de sua insistência na
guitarra. Ele me respondeu que um dia seria um grande guitarrista, e
que traria novamente o rock aos corações jovens, com o velho
sentimento de liberdade e de protesto. Que um dia ele iria dividir o
palco com os guitarristas que ele mais admirava, e que esses
passariam a ter respeito e consideração por ele.
Olhei para ele, e com
a minha experiência de vida dos meus quarenta e poucos anos, falei
que o que ele queria para ele não ia garantir seu futuro, e que se
aquilo não desse certo, ele provavelmente teria que trabalhar em um
emprego qualquer durante o resto de seus dias, e sua guitarra ficaria
abandonada. Finalmente, disse que ele tinha sonhos demais para alguém
tão pequeno.
Sem exitar, ele falou:
- Posso ter sonhos demais para alguém tão pequeno, sim, porém, se eu não sonhar terminarei da mesma forma, da mesma forma, que aparentemente você está.
- Posso ter sonhos demais para alguém tão pequeno, sim, porém, se eu não sonhar terminarei da mesma forma, da mesma forma, que aparentemente você está.
Apenas calei-me e
segui meu caminho, pensando em toda a felicidade que desperdicei.
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