Madrugada de segunda-feira. Neblina,
frio, um minuano cortante e os resquícios de uma noite de domingo.
Ainda se houvem as últimas notas que foram tocadas na guitarra,
ecoadas em um vazio imenso de escuridão, o qual os miseráveis
postes de luz tentam superar. E em um contraste estranho entre um
azul marinho profundo e o laranja fluorescente das luzes, ruas
vazias.
Um certo sentimento de medo vai
impregnando as minhas veias. Sons, passos, chaves, luzes, carros.
Nada incomum, porém aterrorizador quando se está sozinho em uma
madrugada. Ônibus passam vazios, talvez ainda com a essência
daquela noite, mesclada com o sabor de segunda-feira.
É possível ouvir um ruído a
quilômetros de distância, e agora, qualquer ruído não é apenas
um ruído. As chaves de casa que já foram jogadas para dentro do
portão, me deixam presa em uma cela aberta, contudo, sem
escapatória. Com um olhar atento e sonolento vigio incansável e
inutilmente ao meu redor, na esperança de conseguir antecipar meus
gritos para o nada.
Madrugada que se repete todo o início
de semana, entretanto, cada vez mais fria e escura, aterrorizante e
solitária, conforme o inverno vai se acomodando. Conforme o medo vai
me domando. Conforme meus pensamentos me torturam em um filme de
terror completamente projetado e ilusório. E meu psicológico me
iludi, brinca, me causa medo, faz sentir calafrios. Os minutos se
tornam horas, e os sons se tornam ameaças.
Apenas incansáveis vinte minutos,
torturantes, degradantes, frios, e cada vez piores.
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