domingo, 22 de julho de 2012

Degradantes madrugadas


  Madrugada de segunda-feira. Neblina, frio, um minuano cortante e os resquícios de uma noite de domingo. Ainda se houvem as últimas notas que foram tocadas na guitarra, ecoadas em um vazio imenso de escuridão, o qual os miseráveis postes de luz tentam superar. E em um contraste estranho entre um azul marinho profundo e o laranja fluorescente das luzes, ruas vazias.
  Um certo sentimento de medo vai impregnando as minhas veias. Sons, passos, chaves, luzes, carros. Nada incomum, porém aterrorizador quando se está sozinho em uma madrugada. Ônibus passam vazios, talvez ainda com a essência daquela noite, mesclada com o sabor de segunda-feira.
  É possível ouvir um ruído a quilômetros de distância, e agora, qualquer ruído não é apenas um ruído. As chaves de casa que já foram jogadas para dentro do portão, me deixam presa em uma cela aberta, contudo, sem escapatória. Com um olhar atento e sonolento vigio incansável e inutilmente ao meu redor, na esperança de conseguir antecipar meus gritos para o nada.
  Madrugada que se repete todo o início de semana, entretanto, cada vez mais fria e escura, aterrorizante e solitária, conforme o inverno vai se acomodando. Conforme o medo vai me domando. Conforme meus pensamentos me torturam em um filme de terror completamente projetado e ilusório. E meu psicológico me iludi, brinca, me causa medo, faz sentir calafrios. Os minutos se tornam horas, e os sons se tornam ameaças.
  Apenas incansáveis vinte minutos, torturantes, degradantes, frios, e cada vez piores.

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