"Medos que envolvem meu corpo e degradam minha alma, fazem com que eu passe a não acreditar mais em minha própria realidade" Não costumava escrever frases mórbidas como a anterior. Todavia hoje, seu interior estava excepcionalmente degradado. Perturbado com a sua incapacidade emocional, abandonou a sua companheira e foi até a porta de seu apartamento. Saiu sem rumo, com os olhos perdidos acompanhando inconscientemente aquela vasta imensidão. Como se era de se esperar de um dia nublado, começou a chover. Ele não ligou. Continuou a caminhar, como se não houvesse destino.
Apenas parou quando avistou um bar. Já estava anoitecendo aquela altura. Entrou no estabelecimento, e sentou em uma mesa qualquer ao fundo. Tocava uma banda de blues, para acompanhar sua melancolia. Pediu uma dose de whisky, e lembrou de seu último cigarro no bolso. Permaneceu ali, então, apreciando aquele momento nostálgico, em que lembranças dolorosas passavam em sua mente.
- Ainda dói?
- Desculpe, o que disse? - Perguntou assutado, após acordar de seus devaneios.
- Ah, devo tê-lo assutado. Perguntei se ainda doía.
- Dói. Sempre dói, sempre há algo para doer, não?
- Poeta? Não. Escritor? Você tem jeito de escritor.
- Sim.
- O que faz aqui em uma noite chuvosa dessas? É sábado a noite, um homem com a sua idade deveria estar com a família... - O escritor virou o rosto - Ah... Você não tem família...
- Você poderia, por favor, retirar-se?
- Desculpe, não queria atormentá-lo. Eu queria apenas fazer companhia a alguém que está emanando melancolia.
- Tanto faz.
- Resposta curta para um escritor. Sua mulher foi assassinada, não foi?
- É.
- Você presenciou?
- Sim.
- Filhos?
- Uma menina.
- Faz quanto tempo?
- Hoje fazem15 anos. Minha mulher foi assassinada de uma maneira brutal, sem que eu pudesse fazer nada. E minha filha, de apenas cinco anos, levada, sabe-se lá para onde.
- Pois eu sei o destino dela. E ele se cruzou com o seu... - Olhou para o relógio - Há mais ou menos vinte minutos atrás.
A garota sorriu da maneira mais doce que o escritor já viu, e a melancolia se esvaiu.
Apenas parou quando avistou um bar. Já estava anoitecendo aquela altura. Entrou no estabelecimento, e sentou em uma mesa qualquer ao fundo. Tocava uma banda de blues, para acompanhar sua melancolia. Pediu uma dose de whisky, e lembrou de seu último cigarro no bolso. Permaneceu ali, então, apreciando aquele momento nostálgico, em que lembranças dolorosas passavam em sua mente.
- Ainda dói?
- Desculpe, o que disse? - Perguntou assutado, após acordar de seus devaneios.
- Ah, devo tê-lo assutado. Perguntei se ainda doía.
- Dói. Sempre dói, sempre há algo para doer, não?
- Poeta? Não. Escritor? Você tem jeito de escritor.
- Sim.
- O que faz aqui em uma noite chuvosa dessas? É sábado a noite, um homem com a sua idade deveria estar com a família... - O escritor virou o rosto - Ah... Você não tem família...
- Você poderia, por favor, retirar-se?
- Desculpe, não queria atormentá-lo. Eu queria apenas fazer companhia a alguém que está emanando melancolia.
- Tanto faz.
- Resposta curta para um escritor. Sua mulher foi assassinada, não foi?
- É.
- Você presenciou?
- Sim.
- Filhos?
- Uma menina.
- Faz quanto tempo?
- Hoje fazem15 anos. Minha mulher foi assassinada de uma maneira brutal, sem que eu pudesse fazer nada. E minha filha, de apenas cinco anos, levada, sabe-se lá para onde.
- Pois eu sei o destino dela. E ele se cruzou com o seu... - Olhou para o relógio - Há mais ou menos vinte minutos atrás.
A garota sorriu da maneira mais doce que o escritor já viu, e a melancolia se esvaiu.
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