domingo, 2 de outubro de 2011

Um conto de pessoas comuns - Capítulo final


Naquela tarde Alice foi ao parque, preparada para fazer várias perguntas, mas quando encontrou Henrique teve a visão de uma pessoa pálida, sem vida. Ele estava péssimo.
  - O que houve com você? - Disse ela abraçando-o, enquanto as lágrimas corriam por sua face.
  - Tenho alguns problemas com a minha família, não queria que você sofresse por isso.
  - Mas, eu sofri mais por estar longe de você.
  - Eu também, você não imagina o quanto. Achei que poderia simplesmente sumir, sem deixar mais sequelas em sua vida, mas não consegui. Tive que encontrar uma forma de vê-la, pela última vez.
  - Última vez? - agora seu choro, havia se tornado um soluçar descontrolado - Eu quero estar ao seu lado todos os momentos, não importa se eles forem bons ou ruins.
  - Acredite, você não quer.
  - Henrique, eu o amo. Sei que nunca havia dito isso a você, mas eu o amo, desde o primeiro sorriso que você dedicou a mim.
  "Então ele colocou a mão dela sobre a palma da sua própria mão, segurou-a com força e levou as duas mãos ao seu peito, de modo que ela pudesse sentir as batidas de seu coração. O coração dele batia forte. Ela estava olhando diretamente para a sua mão junto a dele, quando levantou o olhar e percebeu que ele a olhava com uma expressão terna e doce. Ela estava com um olhar desolado. Ele a abraçou forte, e quando a soltou, passou a mão pelo seu rosto, e a beijou. Ainda podia sentir o gosto salgado das lágrimas que ela havia derramado."
  - As coisas estavam complicadas para mim. Tenho uma família complicada, uma vida difícil, não queria que você sofresse comigo. Sabe, foi extremamente complicado para mim, ficar longe de você. Não imagina por quantas vezes quis a ter ao meu lado, ter seu abraço. Todas as manhãs sentia falta do seu cheiro, da sua voz, do seu rosto...Queria saber como estava, a fazer rir, cuidar de você. Minha pequena, eu me afastei para o seu bem, e pelo mesmo motivo, é melhor eu continuar distante. Eu não poderia a amar, por isso tantas vezes deixei de ir vê-la, mas era quase impossível não a ver mais, mesmo assim, aos poucos fui tentando me afastar, não totalmente, minha alma continuava com você, e por isso, não fui capaz de ficar longe por muito tempo.
  - Mas Henrique, eu não me importaria de sofrer, e certamente não sofreria, pois estaria contigo, seu amor me daria forças.
  - Sabe que isso não importa, é tudo bem mais difícil. Minha mãe já não está comigo, meu pai está doente, preciso trabalhar e cuidar dele. O mundo é injusto Alice, e também muito egoísta, as pessoas veem que estou sozinho, que preciso de ajuda, mas seguem sua vida como se nada estivesse acontecendo. Muitos apenas sabem aproveitar-se e depois me abandonar.
  - Não sou assim, sabe que vou estar sempre com você.
  - Não falava de você. Siga sua vida, eu enfrento isso sozinho.
  - Henrique, preste atenção: sua situação é complicada, sim, mas existem pessoas sofrendo bem mais, e não falo de mim. Saiba que não pode enfrentar tudo sozinho, e eu estou aqui para te ajudar. O mundo é egoísta sim, mas não generalize, há exceções.
  - Desculpe.
  - Agora, se deseja a felicidade, venha ser feliz comigo.
  - E eu que pensei que seria eu quem cuidaria de você.
  Ele a abraçou, e foi assim que ficaram durante muito tempo. Duas almas já seladas para viverem juntas, agora encontram-se de verdade. Um  conto de pessoas comuns, com problemas tristezas, e alegrias, afinal, a vida não é um conto de fadas, nem uma total comédia romântica, é apenas a vida, mas se desejarmos, podemos fazer dela o que quisermos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário