Metrôs sempre me
pareceram interessantes. Talvez seja a paisagem passando, ou a
sensação de estar fora do trânsito congestionado de Porto Alegre.
Também tem aquele barulho, que dá a sensação de que a qualquer
momento o vagão vai se soltar e vai acontecer como nos filmes, onde
um ser estranhamento heroico salva a todos. Ou, talvez, não seja
nada disso.
A estação de metro
já foi cenário para muitas histórias minhas. É banal, clássico.
A mocinha diz que vai embora, e o mocinho vai atrás dela na estação
de metrô, ele se declara, eles se beijam, e tudo acaba em fraldas
sujas depois. Entretanto, não é isso que tem de especial nas
estações de metrô, e no transporte propriamente dito. O metrô é
o único transporte terrestre onde você pode ler sem ter náuseas, e
eu sofro muito disso. E no que isso influencia? Sei lá, eu só
queria relatar essa minha felicidade.
Já notou como as
pessoas no metrô são diferentes das que andam de ônibus? Certo, eu
sei. Sei que são as mesmas pessoas, mas é diferente. Elas me parecem
mais intrigantes, todavia acho que isso é resultado de um melhor
posicionamento dos bancos, possibilitando um contato visual melhor.
Enfim, elas me interessam. Dia desses fui a POA com a minha mãe, e
havia uma garota sentada ao meu lado com um violoncelo apoiado entre
as pernas. Lembro que pensei: “Poxa, e eu ainda acho trabalhoso
carregar um violão.” Aparentemente ela ia para um concerto, ou
algo do gênero, porque estudava suas partituras com muita atenção,
mas isso quando não estava dormindo durante a viagem.
Normalmente, uma
pessoa, como a garota do violoncelo me chama atenção. Então eu
começo a observar. Não criticar, nem julgar, apenas olhar. E logo
me pego divagando sobre a possível vida do objeto em questão. E o
mais impressionante, é como os metrôs são nostálgicos,
entretanto, acho que apenas eu sinto isso. De qualquer forma, naquele
embalo barulhento viajo em histórias malucas, de amores e um pouco
de ação. Viajo nas histórias das pessoas ao meu redor. Viajo por
meus pensamentos, e por tudo, não apenas de metrô.
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