quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Um conto de pessoas comuns - Capítulo II


  Esperava ansiosa por um novo encontro, mesmo que não tivesse certeza se ele estaria lá na outra manhã. Mas ela queria que ele estivesse, queria que ele estivesse com ela todas as manhãs dali para frente.  
  Não sabia nada sobre ele, sua idade, seu nome, nem sequer sabia ao certo como era sua aparência, não observou isso. Apenas lembrava do seu sorriso, do seu cheiro que havia ficado nela, mesmo que tivesse usado o casaco por apenas alguns minutos, e da sua companhia, que mesmo em silêncio, foi a melhor, apenas por ele estar ali, e importar-se com ela.
  No dia seguinte, ele não estava lá.   
  E assim foi por alguns dias. Ela tinha a esperança de encontra-lo, sempre vestia-se para ele, preparava diálogos, coisas que julgava interessante comentar, todavia ele não estava lá. Quando já não restavam-lhe motivos para pensar que ele viria, ele apareceu. Ela não pôde conter um sorriso de felicidade quando o viu.
  - Pensei que não fosse mais ver você. - Disse Alice, sem acreditar que havia iniciado a conversa.
  - Pensei que você não sentiria minha falta.
  - Mas senti, não é sempre que alguém preocupa-se comigo, ainda mais sem nem ao menos me conhecer.
  - Ah, eu a conheço.
  - Conhece?
  - Sim, observo você todos os dias. Mas me parece que você está sempre perdida em seus pensamentos, nem deve ter me notado, e eu nunca quis incomoda-la. Entretanto, naquele dia, não pude deixar você tremendo de frio daquela maneira.
  - Obrigada, não imagina o quanto me fez bem.
  - O casaco?
  - Não, a sua companhia.
  E o silêncio pairou no ar, enquanto os dois olhavam nos olhos um do outro. Alice sabia exatamente o que ele sentia, e ela sentia o mesmo.

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