sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Crise dos dezoito

  As vezes eu me pergunto se estou seguindo o caminho certo. Saber que estou estudando para ter um futuro melhor me incomoda. É como se a cada passo estivesse garantindo os meus dias antes da morte, onde precisarei que os outros cuidem de mim.
  Temos que estudar, ir bem na escola, passar de ano, garantir uma profissão. Por que? Para um cara vir e lhe oferecer trezentos reais por mês que não paga nem a comida que eu como? Eu vejo pessoas que largaram os estudos no meio do caminho, e hoje são melhores sucedidas que aqueles que se foderam estudando cálculos na engenharia. E eu ainda me presto a acreditar que dias melhores estão por vir. E o que queremos? Um emprego de quatro mil reais por mês, ou viver na praia ganhando pouco, vivendo de fazer tatuagens de henna?
   Eu não quero viver presa! Eu quero poder me tatuar sem ter medo de que uns ordinários preconceituosos olhem na minha cara e me julguem incapaz. Eu quero poder colocar piercings sem me preocupar se aos olhos fúteis vou parecer "poluída". Quero usar cabelo colorido sem dizerem para mim que isso "é coisa de jovem". Quero ser eu mesma, num mundo onde os padrões de vida nos prendem em um eterno nascer para estudar, estudar para trabalhar, e trabalhar para morrer.
   Quero morar num canto, desde que a felicidade more junto comigo. Quero poder amar sem fronteiras, fazer o que gosto, e ser quem eu quero ser. E principalmente não quero ter de deixar de lado meu espírito jovem porque já está na hora de ser adulta e cumprir com as minhas responsabilidades.

Um comentário:

  1. Se te consola, esse preconceito tá cada vez menor e, à medida que o povo tatuado/furado/colorido prova seu valor, esse preconceito vai se extinguindo. Pensa que nossos filhos, por exemplo, não vão enfrentar a mesma coisa quando quem estiver no poder for da nossa geração :)

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